quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Descobertas estrelas anãs com atmosfera de carbono

O aglomerado globular M4, onde o telescópio Hubble realiza buscas por estrelas anãs brancas

HST/Divulgação

O aglomerado globular M4, onde o telescópio Hubble realiza buscas por estrelas anãs brancas

SÃO PAULO - Cientistas anunciam a descoberta de pelo menos oito estrelas de um novo tipo, dotadas de atmosferas de carbono. Essas estrelas, muito mais quentes que o Sol, parecem representar uma nova modalidade de anã branca e são descritas na edição desta semana da revista Nature.

Anãs brancas são as "cinzas" que restam quando uma estrela do tamanho do Sol, ou até dez vezes maior, termina de consumir o combustível da fusão nuclear que a mantém viva e expele suas camadas mais exteriores. Astrônomos acreditam que o Sol entrará nessa fase dentro de bilhões de anos.

As anãs brancas recém-descobertas, com atmosfera de carbono, no entanto, parecem ter se originado de astros muito maiores, com de oito a dez massas solares.

Segundo o principal autor do artigo que descreve a descoberta, Patrick Dufour, da Universidade do Arizona (EUA), as novas anãs brancas podem ser o resultado final da evolução de estrelas que, embora já tenham massas muito grandes, ainda não são capazes de cruzar o limite final para explodirem como supernovas.

"Elas poderão nos ensinar muito sobre como estrelas evoluem e morrem", diz Dufour. "O que acontece exatamente quando morrem, e os detalhes de como se livram do hidrogênio e do hélio, ainda são fatores desconhecidos".

Estrelas são alimentadas pela fusão de átomos em seu interior. Começam fundindo o tipo mais leve - hidrogênio - processo que cria átomos de hélio. Com o tempo, átomos cada vez mais pesados são produzidos e passam a tomar parte na fusão, o que dá origem a tipos mais pesados ainda. No caso das anãs brancas comuns, o que resta, após o fim da fusão, é um núcleo envolto numa atmosfera fina de hidrogênio e hélio.

"Não sabemos a composição exata do núcleo" das estrelas com atmosfera de carbono, afirma o cientista. "Se estivermos certos e essas estrelas realmente vierem da evolução de estrelas de grande massa, o núcleo pode ser feito de oxigênio, magnésio e neônio, em vez de carbono e oxigênio, como na maioria das anãs". O núcleo, explica Dufour, seria circundado por um manto de carbono e oxigênio, a fonte do carbono que aparece na atmosfera.

A equipe de Dufour acredita que, a uma temperatura da ordem de 24.000º C, a camada de carbono que fica imediatamente abaixo da atmosfera de hélio entra em movimento e engole o gás mais leve, que desaparece na diluição. "A estrela simplesmente começa a 'ferver' e o hélio na superfície fica misturado", diz ele.

O pesquisador explica que a atmosfera de carbono tem um papel regulador na temperatura da estrela, mediando a perda de calor do núcleo para o vácuo do espaço. "A composição externa afeta a velocidade com que a estrela esfria, e ainda estamos calculando exatamente como", diz ele. As estrelas, então, também passam por um efeito estufa provocado pelo excesso de carbono na atmosfera?

"Não no sentido estrito", afirma Dufour. "Estamos falando da superfície de uma estrela, de estrelas com superfícies quatro vezes mais quentes que o Sol!"


FONTE:Agência Estado, autor: Carlos Orsi

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