terça-feira, 23 de junho de 2009

Arte - conceito

Não há consenso em relação a arte; alguns a relacionam intimamente com as belas formas e aquilo que é agradável ao ser humano, por serem peças únicas. Mas, isso não faz sentido, pois a arte é algo que tem em si mesma, algo que a possibilita em cópia e no entanto, sempre que se vir tal peça que for copiada, se lembra do autor original. E somente belo, pode não ter o sentimento de arte, é mais provável que seja nada mais do que um artifício para a execução da venda de tal artigo.

Cruel esse nosso novo mundo, ditado por convenções gritantemente hipócritas. Parece haver algo ligado ao gênio criador da obra, mas ao mesmo tempo, esse ato de criador se esvai e se torna irrelevante, tendo em vista a popularização alguns conceitos. As frases de efeito, os designs arrojados de carros, cadeiras e estabelecimentos - verdadeiras obras-primas assinadas por publicitários, designers, arquitetos e por aí afora. As pessoas fazem bonito, apenas com o intuito de agradar o mercado, o chefe ou algumas pessoas ao redor. Nunca para dizerem exatamente aquilo que pensam sobre determinados problemas. Usa-se da arte como mero instrumento pessoal.

Será a arte entretanto um sistema ligado a apenas produção? Talvez, se observarmos o apelo conceitual do termo que deriva do latim e que nesta língua antiga tinha como função principal uma espécie de sinônimo com a própria palavra técnica. Mas isso seria negar os séculos de sua evolução como um sistema independente cujo modo pelo qual se fazia arte, apesar de subordinado a alguma divindade, ou alguma idéia mais mística aos poucos se transformou num meio de lutar contra a opressão que se fazia a idéias mais científicas.

Seria arte uma mera abstração da cabeça de alguém? Ou seja, saiu da cabeça do artista, é novo, é criativo, é arte? Não... Se fosse assim, toda ciência também seria arte. Seria arte um produto de consumo? Não. O produto de consumo é naquilo que a arte se transformou, não o contrário. Tudo tudo nesse sistema pode ser comprado: toda forma de arte age como propaganda... Toda forma de arte mesmo? Impossível saber. A arte de Deus? Bem, a arte humana ou a arte das coisas naturalmente criadas? Difícil saber... Pois se a arte exige um aspecto humano, como pode haver arte advinda de Deus? Mas se os humanos foram mesmo criados à imagem e semelhança divina, logo Deus, por inferência, é capaz de arte. E sua Arte é a simplesmente TODA A GRANDE NATUREZA - não porque seja somente funcional, mas também porque o ser humano vê aquilo como belo e proveitoso.

Entretanto, este não é o ponto. A arte... Cadê a arte? Ela existe? Será um produto singular saído da mente de alguém, passível de reprodutibilidade? Arte... ARTE. Como é possível?

Princípios da arte

Decreta-se o fim da arte... Mas lá vem alguém falando de arte! Um mundo líquido como o nosso, em que tudo é extremamente dinâmico, como reivindicar que qualquer coisa seja duradoura? Em que sentido se pode usar um artifício? A arte é um suplício!

Só pode haver arte se esta representar um ideal. Porque a forma pelo nada, o conteúdo sem sentido, a bela forma sem espírito, não passa de coisa morta. Esteticamente bem postada, mas artisticamente inexistente. É como encontrar a moça dos seus sonhos em termos de beleza, mas se aperceber que esta seja extremamente fria na cama e no lido da vida diária. Portanto, arte precisa representar uma idéia. Não tem como negar essa associação... Algumas artes APENAS representam idéias. E essas podem ser chamadas de idealistas, portanto. São estas as ilustres pinturas abstratas, bem como os poemas. Apesar de suas formas, o que grita neles é o sentido. (afinal é impossível que haja sentido sem forma material.).

A Arte precisa de técnica. Precisa se manifestar de alguma forma, seja esta manifestação desenhada, falada, gravada ou escrita. Porque se não for assim, a arte não deixará de ser apenas uma ideia na cabeça de alguém e não cumprirá jamais a função de comunicar a ideia, a mensagem. A arte subentende também a comunicação, entretanto, é uma comunicação subordinada à ideia tal como ela é. Não a comunicação que visa ser clara, intentando o bom entendimento por parte de quem recebe a mensagem... O artista passa a ideia. Entretanto, esse mesmo artista pode ver a beleza de sua arte na tentativa proeminente de forçar as pessoas a raciocinarem, ajudando-lhas em sua inteligência e educação.

A arte não precisa ser necessariamente singular: basta ser plausível. Ou seja, toda ideia que pode ser defendida, é comunicada. Por isso que arte se relaciona às pessoas por meio de expressão de ideias e sentimentos. E essa comunicação pode ser feita de diversas maneiras. Assim sendo, há arte na propaganda: há ideias a serem defendidas e divulgadas, com determinada clareza, é claro, expressada por meio de determinada técnica.

A arte não precisa de verossemelhança. Tanto é verdade, que ela não só dispensa tal, como tal também pode ser fator básico de sua existência. O que ela necessita é da visão de como as coisas poderiam ser e o registro disso.