domingo, 25 de fevereiro de 2007

Criatividade, espírito de busca, limitação das ferramentas

Basicamente, são estas coisas que as pessoas precisam para não serem alienadas; não serem como gado pastando, somente esperando um fim para suas mentes.
Antes de evoluir o raciocínio, faz-se necessário uma definição satisfatória de ferramentas:
Ferramentas são tudo o que os seres humanos se utilizam de forma a facilitarem suas atividades. Tomo esta definição, pois é a mais ampla que pode haver e por ser tão ampla, abrange todas as máquinas que tenham utilidade, inclusive instrumentos mais sofisticados.
A habilidade de criar conhecimento é o que nos diferencia e nos diferenciará eternamente de um computador. Os defensores da tecnologia podem argumentar que os computadores de última geração podem até ler as mentes das pessoas (“Super interessante”, editora abril, fevereiro de 2007, páginas 28 & 29). Mas o que estas máquinas fazem, na verdade, é somente captar as condições do meio—no caso, o corpo humano—e de, acordo com um programa pré-estabelecido, interpretar o meio, dando uma resposta de acordo com o programa—que foi resultado de diversas pesquisas biológicas. Portanto, só está dando a sensação de que a máquina está lendo a sua mente, sendo que, na verdade, ela não está.
Pode ser que acerte, pode ser que não. Há o meio externo, além do jogo, que também modifica as condições biológicas do ser humano. Pode ser que na maioria das vezes, o a resposta fisiológica esteja realmente ligada às sensações do jogo. Mas também pode haver outras pessoas interferindo (por exemplo, um assalto na lan house onde um jogador esteja; e que este sujeito não esteja alheio ao que está acontecendo, ou seja, perceba a movimentação, porém prefira não se intrometer para não ter problemas. Nesta situação, claro que os batimentos cardíacos do jogador iriam aumentar; a máquina, por sua vez, leria como sendo uma resposta ao jogo, que estaria mais difícil, diminuiria a dificuldade e tornaria “sem graça” o jogo. Se o assaltante souber como funciona a máquina, poderia tranqüilamente render o sujeito, sabendo que este, estaria respondendo ao meio, mesmo com o fone de ouvido), pode haver alguma disfunção interna nos órgãos do indivíduo. Destas duas derivadas, podem vir inúmeras outras situações que se tornariam imprevisíveis.
Uma máquina, então, não faz nada aquilo além do que foi programada para fazer: é um meio, uma ferramenta nos conceitos mais antigos dos quais de tenham notícias, isto, por mais sofisticada que seja. Um computador que faz cálculos complexos para rodar programas simples, não está fazendo, não está criando nada: está somente correspondendo à que foi programada, está cumprindo fielmente à sua missão, que é facilitar e melhorar a atividade humana, tornando está mais fácil e agradável.
O que o ser humano jamais deve fazer é ilimitar a capacidade de cálculos que o processador pode fazer, dessa forma, estará doando a única qualidade que o deixa superior ás suas ferramentas: a criatividade.
A criatividade vinha sendo desconsiderada até algumas décadas atrás, principalmente em locais como as gerências de empresas. O único meio que existia de criar algo, era seguir alguma receita já existente, como um bolo—e que fora, normalmente, copiada por alguém! Pouca gente se atrevia a criar coisas. Pouca gente se atrevia a arriscar e a criar novas idéias, quanto menos, a tirarem estas dos papéis. Cientistas como Newton, Galileu, T.A.Edison, Santos Dumont e tantos outros; pensadores como Wycliff, Hus, Piaget, Freud, Platão, Aristóteles, Karl, Marx, Nietsche, Santo Agostinho & companhia; naturalistas como Darwin, Russel, Mendel etc. –claro, sempre existiram! Mas suas idéias nunca foram aceitas de imediato, mesmo com comprovação e, mesmo assim, custavam a ter aplicações concretas.
Não se está afirmando que temos de formar uma geração de gênios, mas sim que nos acostumemos com a nova forma de poder e que não sejamos meros coadjuvantes—que façamos parte de um mundo novo, onde todas as idéias serão bem-vindas e bem julgadas: se úteis, aplicadas; quando não, extirpadas. Portanto, devemos sempre estar exercitando para que tenhamos novas idéias continuamente, pois assim estaremos nos valorizando cada vez mais.
E o que mais chama atenção nas grandes personalidades, foi a sua perseverança combinada com os seus espíritos de busca. Um difere do outro: “perseverança” é insistir de modo produtivo em alguma coisa que se considere certo; “espírito de busca” é estar constantemente buscando pelos problemas, sempre ficar atento aos detalhes. Veja que um é diferente do outro, mas os dois se complementam, de forma tal que, normalmente, não se manifestam separadamente.
É possível, porém, ter espírito de busca sem ser muito criativo e o contrário, também sendo verdadeiro. O problema é que, se alguém é muito criativo e não tem grande espírito de busca, pode perder oportunidades para aplicar a sua criatividade, e se tiver grande espírito de busca, mas for desprovido de imaginação fértil, poderá identificar todos os problemas, porém não terá condições de aplicar soluções originais e, muitas vezes, mais eficazes do que alguém criativo. Por isso que devemos ter e aperfeiçoar os dois, pois também se completam.

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