sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pseudos

Será que somos de nós mesmos? Nossos atos não passam de meras respostas em relação aos problemas que o meio propõe. Mas somos tão pequenos assim? Nossa maioridade será tão afetada pelo problema da insignificância que nos rodeia? Ou nossas insignificâncias estão aqui dentro e apenas o que fazemos é enxergar com óculos de ignorância a realidade? Eu jamais saberia responder essas questões. Apenas sei que os ônibus continuam lotados, os políticos continuam safados e a todo instante a violência nos sonda, sem sequer poder se sair com um celular - algo tão banal nos tempos atuais- e estar seguro.

Nos perdemos em indagações fúteis (aquelas do tipo: ahh, será que meu salário sai?, será que estou aparentando bem?; Será que o chá tá frio? Etecétera), levados pelos nossos desejos animais de querer aquilo que não temos ou atingir o que jamais poderemos ser. Enquanto isso, corre um mundo de possibilidades que nos passam desapercebidas, inclusive dentro das nossas próprias soluções não só existenciais, mas sócio-político-econômicas. Perseguimos ao ideal das coisas correlatas, das coisas sensatas, daquilo que algum dia será coerente ao ponto de se poder compreender e se explicar - determinados pelo desejo de sorte ou acaso, como preferir ou determinar. E assim o mundo gira, com pessoas derretendo por falta de poder encontrar um lugar na sala de estar. Mas nunca passamos sequer do portão da rua. Nunca nunca nunca ...

Por que jamais se pensou, ao invés de "em chegar lá", em "COMO chegar lá"? Apenas macaqueamos a sintaxes de outros países, apenas imitamos o que nos foi enviado. Não podemos fazer do nosso jeito aquilo que precisamos fazer.Por causa da 'santa' hierarquia, que nos molda para nos proteger - ou melhor, nos alienar e nos esquecer! Seremos sempre sutilmente relegados aos níveis vermifugais, enquanto os nossos políticos continuarem com suas "politics" - inclusive "extremily corrupts"; nossos economistas, seguindo "the economist", nossos biólogos e agricultores pagando um pau pra "Monsanto" e similares; Nossos atletas, com suas síndromes "under pressure"; nossa classe latifundiária, com suas "plantations"; e as multinacionais imporem inglês, francês, alemão, japonês - daqui a algum tempo - por que não? - estaremos tendo que aprender indiano e hebraico... (!) (Além do mandarim que já é ponto pacífico).

Mas, o processo de funcionamento quase nunca é protegido pela gente e para gente. Em boa parte do país não é desenvolvido pela gente. E somos uma grande ilha que fala português no meio da América Latina, que tem meia-dúzia dona do poder e que se acha... Por poder justamente falar: francês, inglês, japonês, alemão, indiano, mandarim, hebraico, grego e latim.
Nós, gentes do Brasil, não se curve, não se perca... Porque ainda é nós mesmos. E somos fracos; somos hospitaleiros. Mas nunca fazemos o que temos que fazer do nosso jeito: sempre do jeito de outrem e o primeiro que fez em terras tupiniquins, provavelmente, importou. Independente do produto produzido.

E, em época de eleições: deletérias e democráticas...Lembrem-se das primárias coisas com as quais a tia da segunda-série nos ligava: "somos brasileiros..." - Uma bobagem tremenda, porque não existe esse povo e esse país. Somos ainda um processo construtivo de milhares de gentes dispersas e que se quisermos um país melhor, teremos que fazer ele por nossas próprias forças. Não podemos esperar pelo Governo ou pela ajuda da Unesco. "O negócio é seguir sempre em passos gigantescos". E, daquilo que está escrito lá na bandeira "Ordem e Progresso" - coisa que a tia nunca disse: é apenas um pedaço de tinta disperdiçado. A classe média não tá nem aí - muitos querem apenas curtir seus sonhos - e políticos movem mundos imundos pra poderem manter a sua pseudo-ordem num pseudo-país, que tem um progresso tão pequeno, principalmente quanto ao crescimento do PIB, que mais parece um pseudo-progresso.

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