quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sobre Patronato

Cabe mui dignamente colocar que "patrões" todos somos. Trabalhadores, administradores, empregados, empregadores. Somos "patrões" do Estado, em primeira estância. É para o povo que este foi criado. Contudo, como se pode assim dizer que lhe é de direito reclamar dos impostos, altos, que, apesar de penar o povo, também o sustenta. Não é mesmo? Ou será que o fato de tirar milhões de pessoas da miséria foi um gasto à toa do nosso Governo? Sinceramente, Falta educação, digo, não talvez da polidez, mansidão e docilidade, a qual ao povo brasileiro é inerente.

Falta a educação crítica, a liberdade aos novos pensadores, que se vêm presos por uma oligarquia já formada. Um bando de hipócritas que apenas aceitam como "certo" ou "errado", publicando ou não o que lhes convém de acordo com seus patrocinadores. Ou seja, mesmo que tenha ideias completamente revolucionárias, ou promulgue pensamentos realmente originais, se a sociedade vigente não o aceitar como pensandor, no status quo já pré direcionado, de nada adianta enviesar qualquer forma de esforço, pois independentemente de quem estiver no poder, a mudança se dará muitíssimo lentamente. O importante é que ela já começou... Afinal, quem gastou mal o dinheiro foram os coronéis, não é mesmo? Foram as burguesias mineira e paulista no período do café com leite, os portugueses no Brasil colônia, os aristocratas do impértio, a vilania dos traficantes de escravo, a burguesia, anteriormente inexistente, depois corrupta, que tente sonegar a qualquer custo uma máquina estatal criada pelos próprios oligarcas - com o consentimento dos mesmos burgueses, diga-se - que jamais os quiseram e deixaram o país endividado...

Foi sempre a elite econômica, não a cultural, pois esta está se formando agora, tampouco a burocrática (entenda ai, servidores públicos, políticos de carreira e outros), que é mera concessão oligárquica, ou modus operandi de infiltração da política destes descendentes de aristocratas, quem impediu a distribuição de renda de modo mais equitativo, tornando-o mais justo, humano e desenvolvido, vendendo, sempre, quando possível, nossas riquezas e concentrando seus negócios em apenas um tipo, sem diversificar, enriquecendo a si próprios, mas decretando a falência eminente da Nação a qualquer mercê criteriosa do Mercado.

E também, como prover ao povo a educação crítica como colocada, se se diminuem os gastos governamentais, ou se há corjas de pessoas que manipulam o eleitorado, para que as ovelhas mansas, sem "educação", votem neles e mantenham a máquina vendendo o que poderia trazer algum benefício e estabilidade à Nação, ou então corrompendo o que já existe e que deveria ser público.

Não é uma questão de nomes, como "Lula", "Sarney","FHC", "Serra". Se a elite não tivesse sido vil e mesquinha e mais consciente, nem "Médicis" haveriam existido, muito menos seria necessário um "Vargas", porque quando o Brasil tornou-se independente, imediatamente alguém já teria tornando este país uma democracia parlamentarista, tomado milhares de acres de terra das mãos dos poderosos e os dividido, limitado o tamanho da propriedade rural, incentivado à burguesia a se estabelecer e crescer. Esta é uma lição de história, na verdade, que faltou a milhares de brasileiros. Por exemplo, em Atenas, somente quando a propriedade foi limitada é que o trabalho assalariado pode se estabelecer, o comércio crescer, tomar força e ganhar influência, etc.

Nossa aristocracia, infelizmente, não foi formada por pensadores, mas por ladrões, hipócritas, demagogos, aventureiros de primeira viagem, etc. Também gente sem perspectiva no Velho Continente e pagos, naturalmente, para explorar o país. Mas explorar no pior sentido possível, sugando o máximo que pudessem, com a mentalidade de sempre que possível sair daqui e voltar para o país de origem, de preferência, rico. E não é assim que pensam muitos brasileiros até hoje? Naquela síndrome estrangeirista de que tudo o que é melhor vem de fora? Que o digam as classes médias urbanas, sendo que muitos deles vieram para cá sendo enganados. Ou seja, italianos, alemães, poloneses, etc. muitos deles vieram a estas terras apenas por um embuste daqueles que já eram donos do poder e acabaram quase semiescravos, deixando descendentes de descendentes que ao verem os ricos e ao escutarem às Elites dominantes, também sentiam que o melhor era viver em outro lugar, menos aqui, isto acabou numa emblemática simbiose, em que boa parte da burguesia baixa a cabeça doente de inveja, enquanto a aristocracia permanece intocada e infiltrada em todos os partidos políticos, ditando preconceitos, vendendo nossas riquezas a preço de banana... Tudo porque a elite econômica nunca foi uma elite cultural, ou seja, nunca pensou. Nem mesmo quando os títulos começaram crescer, nem mesmo quando um sociólogo, que, em tese, faria um governo pelo povo, nem mesmo nesta situação, deixaram de vender o Brasil a preços ridículos, a leiloar tudo e todos no nosso Estado para quem pudesse pagar mais, cortando gastos, inclusive, na construção de escolas, preparação e pagamento de professores. Incentivando a fulga de cérebros do magistério devido a salários de longe incompatíveis com a função.

Deste modo, não há outra explicação possível: sempre foram os patrões, não no sentido anteriormente empregado, mas no sentido mais usual desta palavra, o grande mal deste país. O mais irônico disso tudo é que o primeiro governador realmente vindo povo fez um Governo com 80% de aprovação, conseguiu a geração de milhões de postos de emprego, passou duma crise econômica gravíssima de maneira suave, ainda por cima, cuidando do social como lhe é devido.

Isto só comprova que, ao governar, se deve pensar nos mais pobres, sempre. O Governo voltado aos mais ricos é fadado ao insucesso, porque não prevê desenvolvimento, apenas crescimento da Nação, o que é péssimo: não obstante desconsidera quem mais precisa, protege quem mais explora, mantendo no poder os mais ricos enquanto um povo lá fora, pobre, encardido, faminto, semianalfabeto, desocupado, chora e clama por alguma forma de milagre.

Como é que gente assim, convivendo com essa situação deprimente, toda cheia regalias e confortos conseguiu conviver desse jeito por 500 anos, com Banquetes descomunais ao lado da fome vertiginosa e crônica, numa cruel e total animalização do ser? Como é que gente assim conseguiu dormir à noite?

É por isto que o Povo, e somente o povo, precisa ser de fato o verdadeiro patrão do Estado assim, e somente assim, o Estado cumprirá seu verdadeiro papel.